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Foto do escritorDra. Thaísa Bramusse

Melatonina: para que serve e quem deve tomar?


Em outubro de 2021, a ANVISA autorizou a venda de melatonina nas farmácias, como um suplemento alimentar. Antes disso, a venda só era permitida em fórmula manipulada, com prescrição médica. Uma alternativa para uso era a compra no exterior, onde a venda é liberada.


Para entender quem deve tomar, é preciso compreender o que é a melatonina e sua função no corpo. Vamos lá?


Como a melatonina é produzida

A melatonina é um hormônio natural, ou seja, produzido pelo próprio organismo. Está diretamente relacionada ao ciclo claro/escuro, regulando o sono e “orquestrando” outras funções enquanto dormimos.


Ela é sintetizada a partir de algumas substâncias. De maneira simplificada, a partir do aminoácido L-triptofano é formado o 5-hidroxitriptofano (5-HTP), que por sua vez é o precursor da serotonina, um neurotransmissor associado ao prazer e ao bem-estar.


Essa conversão é feita durante o dia, sob efeito da luz solar (claridade) na retina, que envia um sinal ao cérebro. O pico da serotonina, em geral, ocorre entre 9 e 12h e os níveis vão decaindo ao longo do dia.


Quando anoitece, a escuridão é percebida pela retina que envia “um sinal” à glândula pineal, que converte a serotonina em melatonina.


O hormônio da juventude

A melatonina mantém níveis ótimos durante a infância e a adolescência. A partir dos 40 anos, já há uma queda importante na produção. Em idosos, é comum os níveis ficarem baixos, o que leva à insônia ou à menor quantidade de horas dormidas.


Como a melatonina age no organismo

A melatonina tem a função de promover o início e a manutenção do sono, mas não somente isso. A sua presença informa ao corpo que é hora de “desacelerar”, ajudando na regulação do metabolismo para o descanso.


Nesse sentido, várias funções se alteram: o fígado reduz a produção de insulina, a pressão arterial e a temperatura corporal diminuem, entre outras alterações metabólicas.


Isso é importante para que o corpo entre em estado de vigília e repouso. É nesse momento que há reparação de tecidos, produção e regulação hormonal e outros processos fundamentais para manutenção da saúde.


O que prejudica a produção de melatonina


Como a sintetização desse hormônio depende do ciclo claro/escuro para ser produzido, os hábitos do homem moderno, em geral, prejudicam esse mecanismo.


Isso porque estamos expostos à iluminação artificial e às telas (TV, computador e celular) no fim do dia e até tarde da noite. Todos esses aparelhos emitem a chamada luz azul, que “confunde” nosso cérebro, que acredita ainda ser dia enquanto escurece, mantendo os níveis baixos de melatonina.


Por isso, é importante evitar telas pelo menos 2 horas antes de dormir e não adormecer com a TV ligada. Barulho e estresse também comprometem a liberação de melatonina.


É bom evitar, também, acender a luz no meio da noite, para ir ao banheiro ou beber água.


Quais os efeitos da melatonina no corpo

Manter os níveis adequados de melatonina não é fundamental somente para um sono de qualidade. Esse hormônio está associado a vários benefícios para a saúde. Acompanhe:

  • Potente ação antioxidante, combatendo radicais livres;

  • Efeito neuroprotetor, fortalecendo o cérebro contra doenças degenerativas (Alzheimer, por exemplo);

  • Fortalece a imunidade;

  • Pode auxiliar no tratamento de fibromialgia (efeito analgésico);

  • Contribui no tratamento de crianças e adolescentes com hiperatividade, déficit de atenção e autismo;

  • Ajuda a regular o humor, a capacidade cognitiva e a controlar o apetite (em equilíbrio com a serotonina);

  • Já estudado seu efeito protetor contra o câncer.


Quem deve/pode suplementar melatonina

Antes de ir à farmácia sem qualquer orientação, saiba que é preciso avaliar:


  1. Se há deficiência de melatonina ou das substâncias precursoras;

  2. Se há outras possíveis causas para insônia ou sono de má qualidade;

  3. Se há contraindicações;

  4. A dose adequada para você.


A consulta médica é o primeiro passo. Se necessário, o especialista pode solicitar um exame laboratorial, feito pela coleta de saliva, que analisa os níveis de melatonina no organismo.


Para quem é indicado, usualmente:

  • Pessoas sujeitas a jet lag, pois ajuda a regularizar o sono;

  • Idosos com insônia e déficit do hormônio;

  • Quem realiza trabalhos noturnos ou sem padrão de sono;

  • Deficientes visuais;

  • Quem só consegue dormir tarde, mas precisa acordar cedo;

  • Quem precisa melhorar a qualidade do sono e, consequentemente, as funções metabólicas.

Vantagens da melatonina

Além das inúmeras vantagens para a saúde, pela manutenção do sono e pelos efeitos protetores, a melatonina é um hormônio natural, ou seja, não há rejeição pelo corpo. Quem se adapta bem a ela, evita ainda o uso de medicamentos para dormir.


Vale lembrar, ainda, que o equilíbrio entre melatonina e serotonina é fundamental para sensação de prazer, de bem-estar, disposição e até controle do apetite.


Efeitos colaterais e contraindicações da melatonina

Alguns usuários relatam sintomas como náuseas, tontura, dor de cabeça, sonolência ao longo do dia, sensação de “ressaca ou sedação”. Isso é, provavelmente, consequência de uma má administração, dose inadequada ou até mesmo da qualidade duvidosa do ativo usado na produção da melatonina.


No exterior, onde a maioria das pessoas compra sem orientação, há marcas que oferecem doses de 1, 5, 10 e até 20 mg, o que são valores altíssimos! Para se ter uma ideia, nosso corpo produz, por dia, em torno de 0,5 mg.


Cada pessoa precisa ser avaliada individualmente, para que a dose seja definida conforme a necessidade. Geralmente, inicia-se o tratamento com doses baixas e, se preciso, faz-se o aumento gradual. A administração pode ser feita em cápsulas, sublingual, spray e combinada com outras substâncias.


Manipular a melatonina é uma forma segura de respeitar a posologia prescrita e tentar assegurar a qualidade dos ativos (normalmente, o médico orienta o paciente sobre farmácias confiáveis).


Contraindicações

A melatonina pode interagir com alguns medicamentos, como anticoagulantes, imunossupressores, anticonvulsivantes, medicações para hipertensão e antidepressivos. Por isso, o médico deve ser consultado e informado sobre medicações de uso contínuo.


Espero ter esclarecido as dúvidas sobre a melatonina, esse hormônio tão importante para a saúde e o bem-estar. E deixo mais uma vez o alerta: não faça a suplementação sem orientação médica.


Conte comigo, se precisar!


Até a próxima!


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