Doenças da menopausa: como prevenir?
- Dra. Thaísa Bramusse

- 29 de ago.
- 5 min de leitura

A menopausa é uma fase da vida da mulher, marcada pelo fim da função ovariana e pela queda nos níveis hormonais — especialmente de estrogênio, progesterona e testosterona.
Embora seja natural a todas nós, essa transição pode impactar profundamente a saúde e a qualidade de vida da mulher. Já sabemos, que o declínio hormonal está diretamente associado a uma série de alterações metabólicas, sintomas desagradáveis e ao risco aumentado de diversas doenças.
Neste artigo, vou explicar como o desequilíbrio hormonal contribui para o surgimento de doenças típicas da menopausa. E, mais importante, como preveni-las, com estratégias baseadas em evidências, incluindo a reposição hormonal.
O que acontece com a saúde da mulher na menopausa
A menopausa geralmente ocorre entre os 45 e 55 anos, mas pode começar antes dos 40 (menopausa precoce) ou se estender aos 60 anos. Durante os anos que antecedem a menopausa — a perimenopausa — , os ovários reduzem gradualmente a produção hormonal, especialmente de estrogênio.
Lembrando que a menopausa é na verdade um marco, quando a mulher atinge 12 meses consecutivos sem menstruar.
O declínio hormonal não afeta apenas o ciclo menstrual. Os hormônios exercem função em diversos sistemas e órgãos do corpo: cérebro, ossos, pele, vasos sanguíneos, coração, músculos e articulações.
E quando o organismo se depara com esse declínio ou a escassez hormonal prolongada, há um risco aumentado para várias doenças da menopausa, como:
Osteoporose;
Doença cardiovascular;
Depressão;
Demências e Doença de Alzheimer;
Diabetes tipo 2;
Obesidade e sarcopenia (perda de massa muscular);
Disfunção sexual.
Doenças da menopausa: como prevenir
Existem cuidados que podemos tomar ao longo da vida adulta que ajudam a prevenir ou a retardar os efeitos do declínio hormonal. E há também tratamentos que podem aliviar os sintomas e reduzir os riscos das doenças da menopausa, quando essa fase chega.
1. Osteoporose e osteopenia
Com a queda do estrogênio, os ossos vão perdendo densidade e se tornando mais frágeis, aumentando o risco de fraturas.Para prevenir é importante:
Manter uma alimentação rica em cálcio e níveis adequados de vitamina D ao longo da vida;
Suplementação de cálcio e vitamina D, quando necessário;
Atividade física regular (cardio e musculação);
Reposição hormonal, que atua na preservação da densidade óssea.
É fundamental, também, que a mulher realize o exame de densitometria óssea, que avalia a saúde dos ossos e ajuda a direcionar os cuidados.
2. Doenças cardiovasculares
O estrogênio tem efeito protetor sobre as artérias. Após a menopausa, o risco de infarto e AVC aumenta, pois há um aumento da pressão arterial e maiores danos endoteliais dos vasos.Para prevenir:
Prefira uma alimentação anti-inflamatória, controle o colesterol e triglicérides;
Pratique exercícios regularmente;
Pare de fumar;
Evite ou modere na bebida alcoólica;
Mantenha o peso adequado;
A reposição hormonal iniciada precocemente (nos primeiros 10 anos após a menopausa) pode reduzir significativamente esse risco.
3. Depressão e ansiedade
Alterações hormonais afetam neurotransmissores como serotonina e dopamina, responsáveis pela regulação do humor.
Sentimentos de melancolia, ansiedade e irritação podem se tornar frequentes, muitas vezes, confundidos com depressão. Eu sempre recomendo a avaliação hormonal em mulheres na perimenopausa, pois, em muitos casos, o tratamento vai além do uso de ansiolíticos ou antidepressivos (que até pode ser evitado!).
Para prevenir:
Faça avaliação hormonal, para tratamento adequado;
Se necessário, conte com acompanhamento psicológico e psiquiátrico;
Pratique atividade física;
A terapia de reposição hormonal pode estabilizar o humor e reduzir os sintomas de ansiedade e depressão.
4. Declínio cognitivo e Alzheimer
Estudos mostram que mulheres têm maior risco de desenvolver Alzheimer, especialmente após a queda de estrogênio. Além disso, sintomas como piora da concentração e névoa mental podem se tornar frequentes em mulheres na menopausa.
Não há ainda um tratamento específico que previna demências, mas já se sabe que muitos cuidados podem contribuir para controlar o declínio cognitivo:
Estimulação cognitiva contínua: atividades que estimulam a memória, concentração, raciocínio e linguagem;
Alimentação rica em antioxidantes;
Socialização;
Atividade física;
Terapia hormonal pode oferecer proteção contra o declínio cognitivo.
5. Obesidade, resistência insulínica e diabetes tipo 2
Na perimenopausa e na menopausa, o metabolismo desacelera e há tendência ao acúmulo de gordura visceral. E isso aumenta o risco de doenças da menopausa.
Com prevenir:
Adapte sua dieta: tenha um plano alimentar personalizado;
Reduza o consumo de açúcar e refinados;
Evite ou modere o consumo de bebida alcoólica;
Controle o peso e a circunferência abdominal (< 88 cm);
Pratique atividade física, e não abra mão dos exercícios de força;
A reposição hormonal contribui para o controle do peso e a manutenção da massa muscular.
6. Sarcopenia
A sarcopenia é a perda progressiva de massa e força muscular, comum após os 50 anos e potencializada pela queda hormonal. Essa condição afeta a mobilidade, a autonomia e aumenta o risco de quedas e fraturas.
Como prevenir:
Prática regular de exercícios resistidos (musculação)
Dieta rica em proteínas de alta qualidade, vitamina D e ômega-3
A reposição hormonal pode ajudar a preservar a massa muscular.
7. Distúrbios urinários e sexuais
A atrofia urogenital é comum após a menopausa, com sintomas como ressecamento vaginal, dor na relação sexual, infecções urinárias recorrentes e incontinência.
Como prevenir:
Uso de lubrificantes e hidratantes vaginais;
Terapia hormonal local (com estrogênio tópico);
Exercícios do assoalho pélvico;
Terapia de reposição hormonal sistêmica.
Reposição hormonal: eficaz e segura quando bem indicada
A terapia de reposição hormonal (TRH) é uma das estratégias mais eficazes para prevenir várias doenças da menopausa. Quando bem indicada e monitorada por um médico capacitado, ela pode melhorar significativamente a qualidade de vida da mulher.
Estudos recentes, incluindo os da NAMS (North American Menopause Society) e da FEBRASGO (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia), reforçam que os benefícios da reposição superam os riscos na maioria das mulheres saudáveis, especialmente se iniciada nos primeiros anos após a menopausa.
A TRH deve ser personalizada, respeitando o histórico de saúde, sintomas, exames laboratoriais e preferências da paciente. Pode incluir estrogênio, progesterona e, em alguns casos, testosterona.
Implantes hormonais
Uma das formas mais modernas de reposição são os implantes hormonais, que liberam doses controladas de hormônio de forma contínua. Essa terapia tem demonstrado benefícios como:
Redução de gordura corporal e melhora na composição corporal
Aumento de energia, libido e bem-estar
Redução do risco cardiovascular
Controle da perda óssea
Melhora do foco, memória e desempenho cognitivo
Alívio da ansiedade, da fadiga e da depressão
Vale destacar que o uso da reposição deve considerar fatores como idade, tempo de menopausa, presença de sintomas, histórico médico e familiar e exames laboratoriais.
Estilo de vida também é fundamental

Além da terapia hormonal, outras medidas ajudam a prevenir as doenças da menopausa:
Alimentação equilibrada, rica em fibras, vegetais, proteínas magras e antioxidantes;
Prática regular de exercícios físicos (cardio + força);
Suplementação individualizada;
Rotina de sono;
Controle do estresse;
Check-ups regulares e acompanhamento médico.
Conclusão
O declínio hormonal na menopausa não deve ser ignorado. Ele está associado a doenças silenciosas que comprometem a saúde física, mental e emocional da mulher. Por isso, falar sobre doenças da menopausa é falar sobre prevenção, longevidade e qualidade de vida.
A boa notícia é que, com acompanhamento médico adequado e estratégias eficazes como a reposição hormonal individualizada, é possível atravessar essa fase com saúde, disposição e equilíbrio.
Agende sua avaliação e cuide de você por completo. A menopausa não é o fim — é um novo começo.
Um abraço,
Dra. Thaísa Bramusse
CRM 50.338






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