A endometriose profunda afeta em torno de 10% das mulheres com idade reprodutiva. É uma condição que pode piorar muito a qualidade de vida da mulher, causando dores intensas e prejudicando o funcionamento do intestino e dos ovários, por exemplo.
Várias pacientes têm dúvidas sobre a doença, principalmente, sobre o risco de infertilidade. Por isso, vou esclarecer algumas delas a seguir. Siga a leitura!
O que é a endometriose profunda?
A endometriose profunda ou endometriose infiltrativa profunda (EIP) acontece quando o tecido endometrial infiltra em uma área maior, inclusive em vários órgãos, por causa de uma intensa formação de aderências.
O tecido pode ser encontrado nos intestinos, ovários, trompas de falópio, bexiga, além da cavidade pélvica.
Quais os sintomas da endometriose profunda?
Mulheres que sofrem com a endometriose profunda costumam apresentar os sintomas clássicos da endometriose, porém, de uma maneira mais intensa. São comuns:
Cólica menstrual intensa
Fluxo menstrual abundante e sangramento anal durante a menstruação
Dor durante e após a relação sexual
Dificuldade para urinar
Obstruções no trânsito intestinal
Dor nas costas
Além desses sintomas, há aquele que preocupa muito as mulheres, que é a dificuldade de engravidar. Cerca de 40% das mulheres com o problema apresentam piora na fertilidade.
Quais as complicações da endometriose profunda?
A endometriose profunda é considerada a forma mais grave da doença, tanto pela intensidade dos sintomas, quanto pelo impacto na vida das mulheres.
Como disse anteriormente, as dores e os incômodos podem ser severos. Mais do que isso, há risco de alterações importantes no funcionamento do intestino e dos órgãos do aparelho reprodutor, além de sangramentos relevantes.
Quanto mais profunda a infiltração dos focos de endometriose, mais extensa a área afetada e maior o acometimento ovariano, menores são as chances de uma gestação espontânea.
Endometriose profunda e infertilidade
A endometriose profunda pode provocar alterações na anatomia da mulher, por causa das aderências do tecido endometrial. Isso pode interferir no transporte das células reprodutivas pelo sistema reprodutor.
Pode haver ainda impactos na ovulação, dificuldade de implantação do embrião e aumento do risco de aborto.
Até mesmo na fertilização in vitro (FIV) há menor chance de sucesso.
Existe tratamento para endometriose profunda?
Existe sim! O tratamento é bastante individualizado, pois leva em conta a idade da mulher, a extensão e o estágio da doença, sintomas e intercorrências, além do desejo de engravidar.
O tratamento envolve o uso de medicação, implantes hormonais e mudanças no estilo de vida, como forma de reduzir a inflamação.
No entanto, a cirurgia é ainda a principal alternativa, quando a mulher deseja engravidar ou em casos de complicações.
Cirurgia de endometriose profunda
O procedimento tem o objetivo de remover o tecido endometrial, aliviando os sintomas e controlando as complicações.
Quando as alterações são superficiais, como foco moderado de aderências, a cirurgia é um tratamento de baixo risco, com alto potencial de controle dos sintomas e melhora na taxa de fecundidade.
Por outro lado, em quadros mais severos e com acometimento intestinal, por exemplo, a cirurgia é mais extensa, havendo necessidade de equipe multidisciplinar (cirurgião coloproctologista, por exemplo).
Estudos recentes apontam maior taxa de gravidez espontânea em quem se submete ao tratamento cirúrgico, apesar de ainda não haver uma verdade absoluta sobre o tema.
Mulheres que apresentavam cerca de 40% de chances de engravidar naturalmente, aumentaram para 60% a probabilidade. Apesar disso, o sucesso na gestação espontânea e na FIV não pode ser garantido.
É fundamental realizar os exames de imagem solicitados pelo seu médico, para avaliar a extensão da doença e possíveis complicações da endometriose profunda. Esse monitoramento determina como será a conduta.
Lembre-se de que seus hábitos também têm papel importante no controle da doença. E, se quiser esclarecer dúvidas sobre isso, me mande sua pergunta!
Eu estou aqui para ajudar!
Até a próxima!
Dra. Thaísa Bramusse
Comentarios