Esse é um assunto bastante falado atualmente, mas muita gente ainda tem dúvida sobre o que são os disruptores ou desreguladores endócrinos e os efeitos no organismo.
Pela definição da Endocrine Society, os disruptores endócrinos são substâncias químicas exógenas (não naturais), ou uma mistura delas, que interferem na ação hormonal. Existem mais de 85.000 delas e, constantemente, novas são desenvolvidas e incluídas nos produtos industrializados.
A grande preocupação é que, cada vez mais, estudos mostram que nosso organismo não consegue eliminá-los ou metabolizá-los, como o faz com hormônios naturais.
Mesmo com baixa contaminação, a exposição frequente tem sido associada a várias doenças e alterações metabólicas, justamente pelo acúmulo dessas substâncias em longo prazo.
Como os disruptores endócrinos agem no corpo
De maneira simplificada, pode-se dizer que os disruptores endócrinos desregulam o sistema endócrino de duas maneiras, principalmente: “imitando” ou bloqueando um hormônio endógeno (produzido pelo corpo):
Quando imita: o hormônio sintético se liga ao receptor hormonal, ativando de forma inadequada processos que deveriam ser controlados somente pelo hormônio natural;
Quando bloqueia: a substância química se liga ao receptor e consegue inativá-lo. Mesmo com a presença do hormônio natural, a função é prejudicada ou deixa de acontecer.
Doenças e alterações metabólicas associadas
Você já deve ter ouvido falar nos xenoestrógenos. Eles são o exemplo mais falado de disruptores endócrinos, por desregularem a função do estrogênio no corpo. Por mais que o estrogênio seja mais conhecido por seu papel reprodutivo, ele é um hormônio que participa de inúmeras outras funções neurobiológicas, cardiovasculares, músculo-esqueléticas etc.
O acúmulo de xenoestrógenos e de outros disruptores endócrinos aumenta o risco de:
Câncer de mama, de próstata e outros tipos;
Endometriose, infertilidade, alterações no fluxo menstrual, SOP, puberdade precoce, danos ao feto e aborto;
Feminização em homens;
Diabetes;
Doenças autoimunes;
Doenças cardiopulmonares e hipertensão;
Mal de Parkinson, Alzheimer, TDAH, transtornos de aprendizado, autismo;
Disfunções e doenças da tireoide;
Obesidade.
Onde estão presentes os disruptores endócrinos
Esse é um dos grandes problemas discutidos: os disruptores endócrinos estão muito presentes em nossas vidas, em diversos produtos que usamos no dia a dia.
Onde eles são encontrados:
Pesticidas e agrotóxicos;
Produtos de limpeza, de higiene pessoal e cosméticos;
Aditivos alimentares;
Material eletrônico e de construção;
Recipientes e embalagens plásticas;
Panelas de alumínio e antiaderentes;
Enlatados;
Vestuário têxtil;
Antibacterianos;
Produtos e brinquedos infantis;
Tintas, solventes, fragâncias, colas, retardantes de chamas, impermeabilizantes.
Os principais disruptores endócrinos
A lista de substâncias é extensa. São frequentemente encontrados em produtos industrializados:
DDT, clorpirifós, atrazina, 2,4-D e glifosato (pesticidas);
Chumbo, cádmio, mercúrio, arsênio (metais pesados);
Bisfenol A (BPA), ftalatos, fenol, formaldeídos;
Bromo, PCB;
Triclosan;
Perfluoroquímicos;
Tolueno, benzeno, benzofenona, parabenos;
Vou deixar um link para você conhecer a maioria deles: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/trabalhador/pdf/texto_disruptores.pdf.
Como evitar os disruptores endócrinos
Evitar totalmente a exposição é muito difícil. Mas existem alguns cuidados que ajudam a reduzi-la:
Prefira alimentos orgânicos e cultivados sem agrotóxicos;
Evite enlatados, não compre latas amassadas e prefira alimentos armazenados em vidro;
Não aqueça vasilhas ou embalagens plásticas no micro-ondas;
Vá substituindo utensílios de plástico pelo vidro e aço;
Não deixe garrafinha de água no carro (exposta ao calor);
Avalie os rótulos dos produtos de limpeza, higiene pessoal e cosméticos, e prefira os mais naturais;
Use panelas de vidro, cerâmica ou aço cirúrgico;
Escolha produtos com o selo BPA FREE e evite os números 3 ou 7 no símbolo de reciclagem do plástico.
Avalie sua saúde hormonal
Desequilíbrios hormonais estão diretamente ligados a doenças e a sintomas que impactam na qualidade de vida. É importante avaliar periodicamente se há alguma alteração e, assim, corrigi-la.
Justamente por estarmos tão expostos aos disruptores endócrinos, esse cuidado é válido e faz toda diferença para a sua saúde e seu bem-estar.
Conte comigo! Até a próxima!
Dra. Thaísa Bramusse
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