Sintomas de lipedema: como diferenciá-lo de outras condições?
- Dra. Thaísa Bramusse
- 15 de abr.
- 3 min de leitura

Uma das questões mais sérias sobre o lipedema é o desconhecimento sobre a condição e o subdiagnóstico, atrasando ou prejudicando o tratamento. Os sintomas do lipedema são muitas vezes confundidos com obesidade, celulite e até mesmo linfedema.
Por isso, acho muito importante esclarecer o que é o lipedema, quais os sintomas e como diferenciá-los de outras condições. E se você tem dúvidas se tem lipedema, esse artigo vai te ajudar muito! Vamos lá ;)
O que é o lipedema
Primeiro, vou falar sobre as características clínicas e a origem do lipedema. Trata-se de uma doença crônica, progressiva e ainda sem cura, que afeta principalmente mulheres.
A característica básica é o acúmulo anormal de gordura, especialmente nas coxas, pernas e, em alguns casos, nos braços.
É uma doença ainda sem uma causa totalmente esclarecida, mas são reconhecidos aspectos genéticos e hormonais em sua origem. É por isso que quando a mãe ou a irmã tem, há um risco maior de a mulher ter. E é também por essa razão que ele surge ou piora em fases como a puberdade, gestação e menopausa, quando as oscilações hormonais são mais intensas.
Reconhecer os sintomas do lipedema é essencial para um diagnóstico correto, um tratamento adequado, melhoria da qualidade de vida e controle da progressão da doença!
Quais são os sintomas do lipedema?
Os sintomas do lipedema vão muito além do aspecto estético. Trata-se de uma condição que impacta a qualidade de vida, a saúde física e emocional.
Principais sintomas do lipedema:
Acúmulo simétrico de gordura nos membros inferiores (e, eventualmente, superiores), com distribuição desproporcional ao resto do corpo. Por exemplo, mulher de cintura fina e pernas muito grossas;
Efeito “garrote” nos tornozelos;
Dor ou maior sensibilidade ao toque;
Inchaço que piora ao longo do dia;
Facilidade para formar hematomas (roxos);
Pés e mãos geralmente sem inchaço;
Maior sensibilidade emocional, devido à frustração com a imagem corporal e o desconforto físico;
Dificuldade para emagrecer, mesmo com dieta e exercício.
Com a progressão da doença, pode ocorrer comprometimento da mobilidade, limitação funcional e aumento do risco de desenvolver linfedema secundário (lipolinfedema).
Como diferenciar o lipedema de outras condições?
O lipedema costuma ser confundido com sobrepeso e obesidade, celulite e até linfedema. Por mais que alguns sinais sejam semelhantes, há diferenças significativas:
Obesidade
A origem da obesidade tem relação com fatores genéticos, hormonais e, principalmente, com o estilo de vida;
Na obesidade, o acúmulo de gordura é generalizado e afeta todo o corpo, ou seja, não há a desproporção comum ao lipedema;
Não há dor ou sensibilidade ao toque, nem hematomas frequentes;
Dieta e exercícios apresentam bons resultados e levam à redução proporcional de gordura no corpo.
Gordura localizada
Como algumas pacientes conseguem emagrecer mas mantêm as pernas grossas, por exemplo, a desconfiança passa a ser de gordura localizada. Mas essa condição também tem diferenças importantes:
Afeta regiões específicas (abdômen, culote, costas), mas não causa dor, sensibilidade ao toque ou facilidade para hematomas;
A origem tem relação com sobrepeso, sedentarismo, alimentação inadequada e até o biotipo;
É responsiva a dieta, exercício e tratamentos estéticos.
Celulite

Outro equívoco comum é confundir alguns sintomas de lipedema com celulite, mas há diferenças:
A celulite tem aspecto hormonal, de sedentarismo, dieta e retenção de líquidos;
Cria uma pele tipo "casca de laranja";
É uma gordura subcutânea com edema, que pode melhorar com alimentação equilibrada e exercícios físicos;
Geralmente não causa dor ou hematomas;
Tratamentos estéticos, alimentação balanceada e exercícios físicos têm respostas significativas.
Linfedema
O Linfedema é um problema no sistema linfático, que causa um inchaço crônico pelo acúmulo de linfa, geralmente nos braços ou pernas, devido a falhas nesse sistema (congênitas ou adquiridas, como após cirurgias ou infecções).
Diferentemente do lipedema, o inchaço é assimétrico, geralmente em um dos membros;
Pode acometer pés ou mãos, o que não ocorre no lipedema;
A pele pode ficar mais espessa e endurecida (fibrose);
Pode haver ou não desconfortos e os hematomas são raros;
A progressão é lenta e contínua, sem relação direta com oscilações hormonais.
Quando procurar ajuda?
A principal dica que eu dou é monitorar sintomas como “gordura que não sai”, mesmo com dieta adequada e exercícios, sensação de peso nas pernas, dores e hematomas frequentes. A desproporção corporal também é um fator relevante.
Não espere piorar ou ignore esses sintomas. O diagnóstico precoce do lipedema permite o início de um tratamento conservador individualizado, que pode envolver terapia hormonal, suplementação, terapias físicas e estéticas, plano alimentar adequado, atividade física orientada e uso de meias de compressão.
Em casos avançados ou que não respondam bem ao tratamento conservador, a lipoaspiração específica é uma alternativa.
Compartilhe essas informações e busque orientação de um especialista se desconfiar de sintomas de lipedema!
Conte comigo!
Um abraço,
Dra. Thaísa Bramusse
CRM 50.338
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