A Síndrome dos Ovários Policísticos é caracterizada por um desequilíbrio hormonal em mulheres na idade reprodutiva. É uma doença crônica, ainda em estudo, que precisa ser diagnosticada para evitar complicações.
Infelizmente, ela é muito comum. Cerca de 1 em cada 12 mulheres em idade reprodutiva sofre com a síndrome. E o mais preocupante: de cada 10 mulheres com a SOP, 7 demoram para serem diagnosticadas ou pior: não têm o diagnóstico correto.
Se você têm dúvidas sobre essa síndrome e se é portadora dela, siga a leitura, vou detalhar informações importantes a seguir!
Qual a causa da Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP)?
A SOP é uma doença complexa do sistema endócrino, mas não sabemos ainda a causa específica. Genética e estilo de vida, no entanto, são fatores que podem influenciar no surgimento e na progressão.
Insulina
A resistência insulínica pode atingir mais de 80% das mulheres com SOP. Existe uma relação direta entre a resistência insulínica e a SOP, pois a insulina age tanto no equilíbrio da glicose no sangue, quanto como um sinal para os ovários produzirem testosterona.
Quando a mulher sofre com resistência à insulina, o organismo se adapta para produzir mais e mais desse hormônio, buscando equilibrar o açúcar no sangue. Paralelamente, há um aumento nos níveis de testosterona.
Como consequência, surgem sintomas como alterações na liberação e crescimento dos óvulos, supressão ou redução de estrogênio e progesterona, irregularidade menstrual etc.
A resistência insulínica pode levar ainda à inflamação crônica.
Inflamação crônica de baixo grau
Assim como a resistência à insulina, a inflamação crônica aumenta a produção de insulina, aumentando os níveis de testosterona. Mulheres com SOP têm maior probabilidade de sofrer com inflamação crônica subclínica.
Sabemos que a inflamação está diretamente associada ao estilo de vida: alimentação rica em ultraprocessados, refinados, glúten, lácteos e açúcar, sedentarismo, sobrepeso, estresse etc.
Genética
Cerca de 25% das mulheres com SOP têm mães com a doença e, em 1/3 das vezes, elas têm uma irmã com a doença.
Quais os sintomas da SOP?
Um fato curioso sobre a SOP é que seus sintomas podem se manifestar desde a primeira menstruação. E isso pode confundir a mulher, levando-a a crer que um ciclo menstrual irregular, por exemplo, é normal. Se após 2 anos da menarca, o ciclo se mantiver irregular, já é um indício a ser investigado.
Os sintomas podem se tornar mais evidentes com o tempo. A Síndrome dos Ovários Policísticos tem alguns sintomas característicos, a maior parte deles, associada ao excesso de testosterona:
Ciclo menstrual irregular
Fluxo escasso ou intenso
Hirsutismo: aumento dos pelos no rosto e em área comuns nos homens (peito, abdômen)
Ganho de peso
Resistência insulínica e manchas escuras no pescoço e outras áreas
Pele oleosa e acneica
Queda de cabelo
Oscilações emocionais: tanto o desequilíbrio hormonal, quanto o incômodo com os sintomas pode aumentar o risco de depressão e ansiedade.
Dificuldade para engravidar
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A SOP pode causar complicações?
Infelizmente, sim. E o que nos preocupa (profissionais da saúde) é o baixo número de diagnósticos e como o tratamento precoce poderia fazer diferença na vida dessas mulheres.
A SOP não tratada pode levar a:
Diabetes tipo 2
Infertilidade
Depressão e ansiedade
Doenças cardiovasculares
Apneia do sono
Esteatose hepática (fígado gorduroso).
Como é feito o diagnóstico da Síndrome dos Ovários Policísticos?
A principal dificuldade em tratar a SOP é o diagnóstico correto. Muitas vezes, os sintomas se confundem com outras patologias ou são suaves, não ligando o sinal de alerta para mulher.
O diagnóstico da Síndrome dos Ovários Policísticos é considerado quando a mulher se enquadra em 2 dos 3 critérios a seguir:
Ciclos menstruais irregulares, principalmente, quando são longos ou ausentes (com ou sem infertilidade)
Evidência de altos níveis de hormônio andrógeno no sangue, excesso de pelos corporais ou queda de fios e cabelos ralos
Cistos ovarianos
Seu médico deverá avaliar seus sintomas, avaliar seu histórico familiar e solicitar exames laboratoriais e de imagem (ultrassom endovaginal), para confirmar o diagnóstico.
Como é o tratamento da SOP?
A SOP não tem cura, mas tem controle. E esse controle é fundamental para melhorar a qualidade de vida da mulher e prevenir complicações.
Cada mulher deve ser avaliada individualmente, pois a síndrome têm efeitos particulares no organismo de cada uma. Mas, de maneira geral, é fundamental:
Reverter a resistência insulínica (medicamentos como metformina podem ser indicados)
Adotar alimentação mais saudável, priorizando alimentos anti-inflamatórios
Emagrecer e manter o peso adequado
Cuidar da saúde intestinal, prevenindo a disbiose e a hiperpermeabilidade
Combater o estresse oxidativo e a inflamação crônica (uso de suplementos é indicado, por exemplo, probióticos, ômega 3, magnésio, resveratrol, coenzima Q10, inositol, vitamina D, ácido alfa lipoico etc.)
Usar medicamentos específicos para controlar o hirsutismo e a queda de cabelo.
É possível engravidar com a Síndrome dos Ovários Policísticos?
O excesso de andrógenos impacta na liberação dos óvulos, como falei anteriormente. Além disso, há um desequilíbrio hormonal importante, que impossibilita um ambiente adequado para a gestação.
De fato, a SOP pode dificultar a gestação, mas a mulher pode engravidar sim.
O primeiro passo é controlar os sintomas e as alterações metabólicas, seguindo direitinho o tratamento médico. Lembre-se de que a mudança do estilo de vida é um aspecto determinante.
Infelizmente, nem todas as mulheres conseguirão engravidar naturalmente. Mas a fertilização in vitro (FIV), a inseminação artificial e a relação sexual programada têm altas taxas de sucesso.
Risco de aborto
Engravidar com SOP pode aumentar o risco de aborto espontâneo, diabetes gestacional, hipertensão e parto prematuro. Por isso, é fundamental preparar o organismo para a gestação e manter o pré-natal em dia. É possível ter uma gestação saudável com SOP!
Se você sente esses sintomas, não deixe de investigar a Síndrome dos Ovários Policísticos. Essa condição precisa ser tratada para você recuperar sua qualidade de vida e evitar complicações futuras!
Até a próxima!
Dra. Thaísa Bramusse
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