A Tireoidite de Hashimoto é uma doença autoimune, na qual anticorpos produzidos pelo organismo destroem as células da tireoide, causando lesões nessa glândula e seu mau funcionamento.
É uma doença que evolui lentamente, podendo não apresentar sintomas em estágios iniciais. Por isso, o diagnóstico é mais comum em idosos. No entanto, ela pode acometer pessoas de todas as idades, inclusive crianças.
Outro detalhe que chama a atenção, é sua prevalência em mulheres. A Tireoidite de Hashimoto é quase 10 vezes mais frequente em mulheres do que em homens.
A Tireoidite de Hashimoto é a principal causa de Hipotireoidismo, que é a diminuição dos hormônios tireoidianos, uma condição que afeta nossa saúde e nossa qualidade de vida em diferentes níveis.
A seguir, vou apresentar informações importantes sobre a doença, para você aprender a reconhecer sintomas e cuidar da prevenção, que é sempre o melhor caminho. Siga a leitura!
Qual a causa da Tireoidite de Hashimoto
Não existe unanimidade, ainda, sobre as causas. Sabe-se, porém, que a predisposição genética para doenças autoimunes é um fator de risco, associada a aspectos ambientais.
É essencial você saber que a Tireoidite de Hashimoto ataca a tireoide, mas não começa ali. A predisposição genética precisa sofrer ação de “gatilhos”, para que ocorra a produção de anticorpos e a doença se manifeste.
E é em nosso intestino que estão cerca de ⅔ de nossas células de defesa. Isso significa que sua alimentação é um dos principais gatilhos para o surgimento da doença.
Uma dieta rica em alimentos com alto potencial inflamatório e alergênico deve ser considerada um gatilho.
E quais são esses alimentos?
Todos aqueles ricos em glúten, proteínas do leite, gordura saturada, lectinas, iodo e substâncias bociogênicas, por exemplo.
Além disso, devem ser incluídos nessa lista, as toxinas oriundas de metais pesados e plásticos, agrotóxicos, pesticidas, perclorato, halógenos, látex, parabenos, alguns medicamentos, álcool, fumo...
O consumo frequente dessas substâncias é capaz de provocar a disbiose intestinal (desequilíbrio da microbiota) e danos à mucosa do intestino. A consequência disso é um aumento da permeabilidade intestinal: porta de entrada para as doenças autoimunes.
Outros gatilhos
Não somente a alimentação e a contaminação são gatilhos. Eles também podem ser identificados em eventos estressantes e traumáticos, no estilo de vida pouco saudável, em infecções, na privação de sono, na exposição à radiação ionizante, entre outros.
Como é o diagnóstico da Tireoidite de Hashimoto
A Tireoidite de Hashimoto pode se manter silenciosa por meses e até anos, num processo gradual de degradação do tecido tireoidiano.
Na fase inicial, na qual a doença é assintomática, caracteriza-se um hipotireoidismo subclínico, quando são encontrados anticorpos antitireoide elevados no organismo, porém não há sintomas, alterações na estrutura da tireoide ou declínio hormonal.
Nesse período, a doença pode ser identificada por meio de exame de sangue, que avalia os níveis de anticorpos antitireoide (anti-TPO e anti-TG) e a dosagem de TSH. É nesse momento que a interrupção dos gatilhos é determinante para evitar a evolução da doença.
Se nada for feito, os anticorpos seguirão atacando as células da tireoide, a ponto de provocar alterações no parênquima tireoidiano. O exame de ultrassom já poderá detectar essas alterações, mesmo que ainda não haja danos à função tireoidiana. Alguns sintomas pouco específicos já serão observados.
Persistindo o comportamento prejudicial, a doença progredirá, provocando a queda na produção hormonal (T3 e T4) e desencadeando sintomas mais claros e compatíveis com o hipotireoidismo. Os exames de sangue e de ultrassom são usados para confirmar o diagnóstico.
Sabe o que mais me preocupa? 90% dos pacientes só são diagnosticados nessa fase, quando a doença já pode ter causado uma disfunção irreversível.
Quais os sintomas da Tireoidite de Hashimoto
A presença da Tireoidite de Hashimoto pode provocar sintomas, mesmo ainda sem o diagnóstico de hipotireoidismo. São eles:
Fadiga e dores pelo corpo
Alterações dos hábitos intestinais
Queda de cabelos e unhas fracas
Anemia
Déficit de memória e concentração
Dificuldade para emagrecer
Menores chances de gravidez espontânea
Bócio difuso
Além desse sintomas, é frequente a associação da Tireoidite de Hashimoto com outras patologias:
Endometriose
Crises de enxaqueca
Fibromialgia, vitiligo, lúpus, esclerose múltipla, entre outras doenças autoimunes
Diabetes
Aumento do risco de câncer (carcinoma diferenciado de tireoide)
Como prevenir a Tireoidite de Hashimoto
A prevenção da Tireoidite de Hashimoto é baseada no controle dos gatilhos, responsáveis por estimular nosso sistema imunológico a produzir os anticorpos que degradam a tireoide.
Como fazer isso? Primeiramente, cuidando da saúde de seu intestino:
Mantenha uma dieta baseada em alimentos naturais, rica em fibras e pobre em industrializados e ultraprocessados
Prefira os alimentos orgânicos
Não fume e, se consumir bebidas alcóolicas, que seja com moderação
Não tome medicamentos (principalmente, antibióticos) sem orientação médica
Prefira sempre embalagens de vidro às de plástico, e não aqueça vasilhames plásticos no micro-ondas
Observe os rótulos dos cosméticos, produtos de limpeza e de higiene pessoal, evitando aqueles ricos em parabenos, metais pesados, alumínio etc., além de embalagens plásticas que apresentem os números 1, 3, 6 e 7
Pratique atividade física regularmente
Cuide da qualidade de seu sono
Faça check-ups periódicos, de acordo com a orientação de seu médico de confiança
Como podem existir outros gatilhos, a saúde emocional também merece cuidado. Então, momentos de prazer e relaxamento são indispensáveis. Em alguns casos, uma investigação mais a fundo pode ser indicada.
Como é o tratamento da Tireoidite de Hashimoto
Como já antecipei, não devemos adiar o diagnóstico e o tratamento para a fase final, na qual as disfunções tireoidianas já são evidentes ou o hipotireoidismo já está instalado.
Quando os marcadores autoimunes são detectados no exame de sangue, ou ainda, quando observamos alterações na tireoide por meio do ultrassom, precisamos agir para interromper os gatilhos da doença.
É nesse momento que a avaliação integral do paciente é determinante, pois conseguiremos identificar os possíveis gatilhos, sejam eles dietéticos ou relacionados ao estilo de vida, além da predisposição genética (histórico familiar).
A disbiose está quase sempre presente, então os cuidados com o intestino farão parte do tratamento. A suplementação de nutrientes essenciais para a saúde da tireoide também é um caminho importante.
O tratamento eficaz deve ter uma visão sistêmica do organismo, pois, como já vimos, a doença não começa na tireoide. É fundamental controlar a autoimunidade:
Identificando gatilhos dietéticos: alimentação pró-inflamatória e deficiências nutricionais
Detoxificando o organismo (metais pesados, toxinas, radiação)
Controlando o estresse
Cuidando da saúde intestinal
Evitando o iodo
Infelizmente, na fase avançada da doença, a reposição hormonal pode ser indispensável, mesmo os cuidados acima sendo cruciais para freá-la. Normalmente, é feita a reposição com LT4 (levotiroxina), conforme a necessidade de cada paciente.
Tem cura?
Nas fases iniciais e com o tratamento adequado, é possível colocar a Tireoidite de Hashimoto em remissão. O sucesso vai depender das mudanças no seu estilo de vida e, principalmente, no controle dos gatilhos que podem levar às alterações autoimunes.
Já na fase avançada, o tratamento pode controlar os sintomas e permitir que você mantenha sua qualidade de vida.
O que eu recomendo é que, além de manter hábitos saudáveis, você faça avaliações periódicas com seu médico de confiança. Isso te ajudará a conhecer melhor seu organismo, manter seus hormônios equilibrados e suprir suas necessidades nutricionais.
Conte comigo para o que precisar ;)
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