A Síndrome dos Ovários Policísticos, ou SOP, é uma condição que afeta muitas mulheres. Atendo frequentemente pacientes que sofrem com sintomas e complicações mas, até então, não tinham conseguido fazer o tratamento adequado.
Hoje, vou esclarecer um pouco sobre os sintomas, como é o diagnóstico e o tratamento para a SOP. Fiquem atentas, pois muitas de vocês podem estar sofrendo com o problema, sem ter o diagnóstico correto, ou até mesmo tratando de forma ineficiente.
Siga a leitura!
Quais os sintomas da Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP)?
A síndrome dos ovários policísticos (SOP) afeta mulheres em idade reprodutiva. Trata-se de um desequilíbrio hormonal, caracterizado pelo hiperandrogenismo, ou seja, um aumento desproporcional dos hormônios masculinos (androgênios).
Os sintomas da SOP podem variar de uma mulher para outra, bem como a intensidade.
São sintomas comuns da SOP:
Ciclos menstruais irregulares: uma das características mais comuns da SOP. A mulher pode ter ciclos menstruais muito longos (oligomenorreia), ciclos ausentes (amenorreia) ou sangramento excessivo.
Acne persistente e pele oleosa
Excesso de pelos corporais (hirsutismo) e queda de cabelo
Ovulação irregular ou ausente: mulheres com SOP podem ter dificuldade para engravidar.
Cistos nos ovários: pequenos sacos cheios de líquidos. Mas nem todas as mulheres com SOP apresentam cistos.
Resistência à insulina: uma das principais características da SOP.
É uma condição na qual as células se tornam menos sensíveis à insulina. Esse hormônio produzido pelo pâncreas desempenha papel fundamental no metabolismo da glicose.
Nessa condição, o pâncreas produz maior quantidade de insulina, tentando compensar essa resistência e manter a glicose equilibrada. Com o tempo, o pâncreas pode não conseguir mais compensar esse desequilíbrio, levando ao diabetes tipo 2 e a outras complicações, como obesidade, dislipidemia, hipertensão e risco cardiovascular.
Como é o diagnóstico da SOP?
O diagnóstico da Síndrome dos Ovários Policísticos é feito com base no Consenso de Rotterdam (2003), que estabeleceu o critério.
Mulheres adultas: pelo menos, dois dos seguintes fatores
Adolescentes (2 anos pós-menarca, até os 19 anos incompletos): três dos seguintes fatores
Consenso de Rotterdam
Oligovulação ou anovulação (ciclos irregulares ou ausentes)
Hiperandrogenismo (excesso de hormônios androgênicos, hirsutismo, acne, calvície)
Ovários policísticos evidenciados por ultrassom
Além de cumprir o critério, é preciso que sejam descartadas outras alterações que causem o hiperandrogenismo. Para isso, precisamos realizar alguns exames de sangue e de imagem, além da avaliação clínica e relatos da paciente. Ou seja, é um processo que pode envolver algumas etapas.
Quais exames auxiliam no diagnóstico da SOP?
Anamnese
Avaliação clínica do paciente. O médico avaliará os aspectos físicos típicos da síndrome, o histórico médico e os sintomas relatados pelo paciente.
Exames laboratoriais
Exames de sangue para avaliar níveis hormonais, por exemplo, FSH (folículo-estimulante), LH (hormônio luteinizante), testosterona, estradiol, prolactina, glicemia, entre outros.
Ultrassonografia
O ultrassom pélvico ou transvaginal avalia a presença de cistos no ovário, além de alterações no aparelho reprodutor. Lembrando que, como falei anteriormente, nem todas as mulheres com a síndrome apresentam ovários policísticos.
Além desses exames, o médico pode solicitar outros complementares, respeitando a individualidade de cada mulher.
Qual o tratamento da Síndrome dos Ovários Policísticos?
Esse é um dos principais erros cometidos pelas mulheres com SOP. De fato, por muito tempo, o uso de anticoncepcionais hormonais foi tido como tratamento para a síndrome, pois o medicamento ajuda a regular o ciclo menstrual e a reduzir problemas de pele, por exemplo.
Dessa forma, havia a impressão equivocada de que o tratamento era eficaz. O problema é que, além de não tratar um dos maiores riscos da SOP, que é a resistência insulínica, pode agravá-la.
O tratamento adequado visa controlar os sintomas, melhorar a saúde metabólica, reduzir os riscos associados e ajudar a mulher a engravidar, quando esse for o desejo.
Por isso, são necessários cuidados multifatoriais:
Mudança no estilo de vida
É recomendado que a mulher reduza a inflamação crônica subclínica e mantenha o peso adequado. Para isso, é fundamental investir em uma alimentação saudável, rica em alimentos naturais, pobre em industrializados, ultraprocessados e açúcar.
Os exercícios físicos vão ajudar no controle do peso e na saúde metabólica, pois contribuem para melhorar a sensibilidade à insulina e a regularidade menstrual.
Emagrecimento
O emagrecimento vai contribuir para reduzir os sintomas, principalmente, a resistência insulínica. Isso permite maior controle sobre os riscos associados (diabetes, síndrome metabólica, doenças cardiovasculares).
Medicamentos
Além de avaliar a necessidade de reposição hormonal, o médico pode prescrever medicamentos antiandrogênicos e a metformina. Este último ajuda no controle da resistência insulínica.
Além disso, existem suplementos importantes que podem ser usados, como o mio-inositol (principalmente, para quem não se dá bem com a metformina), antioxidantes, ácido fólico, vitamina D, ômega 3, entre outros.
A prescrição é sempre individualizada!
Indução da ovulação
Quando a mulher deseja engravidar, pode ser necessário um tratamento específico para induzir a ovulação. Além disso, a fertilização in vitro (FIV) também é uma alternativa em alguns casos.
Tratamentos complementares
Como a SOP atinge as mulheres de formas distintas, os tratamentos também são diferentes.
Para mulheres com hirsutismo (excesso de pelos), por exemplo, pode ser recomendada a depilação a laser e medicamentos. Para a acne, também existem medicamentos tópicos e sistêmicos.
Da mesma forma, o excesso de peso e alterações hormonais podem contar com protocolos específicos.
O mais importante é você receber o diagnóstico correto da SOP, excluindo outras condições com sintomas semelhantes.
A partir daí, o tratamento respeitará e tratará a sua condição e seus objetivos.
Se ficou alguma dúvida sobre a síndrome dos ovários policísticos, não deixe de me perguntar!
Até a próxima!
Dra. Thaísa Bramusse
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